PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA


PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA

Pergunto-te onde se acha a minha vida.
Em que dia fui eu. Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída

Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.

E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida
por esperanças hereditárias? E de cada
pergunta minha vai nascendo a sombra imensa
que envolve a posição dos olhos de quem pensa.

Já não sei mais a diferença
de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida.
Cecília Meireles

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

BorboLetra


Esse livro precisa ser lido, não apenas por educadores, mas por todos os que acreditam em sua criança interior e não desistem dos seus sonhos!

"Casulos... Vários deles apareceram colados à parede de minha casa. Lá dentro, eu sabia, se encontravam lagartas que dias antes haviam comido folhas das plantas do meu jardim. Enquanto dormiam, espantosas transformações aconteciam com os seus corpos. As criaturas aladas que antes moravam nelas apenas como sonhos estavam se tornando realidade. Metamorfoses. Eu os deixei onde estavam, intocados, e vigiei, pois não queria perder o evento mágico. Tive sorte. Pude ver o momento em que um dos casulos se rompeu. Tímida, fraca e desajeitada, sem saber direito o que fazer com a sua nova forma, uma borboleta apareceu. Suas asas se abriram, mostrando delicados desenhos coloridos. O tempo não me permitiu ficar, para ver tudo. Quando voltei, ela não estava mais lá. Seguira seu novo destino de voar à procura de flores. Se o mundo da lagarta não era maior que a folha que comia, o universo da borboleta era o jardim inteiro. Iria, flutuando ao vento, por espaços com que uma lagarta não podia sonhar."
Rubem Alves
 Alegria de Ensinar

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